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DEA ATRIZ

Formada pela Universidade Federal da Bahia em Licenciatura em Artes Cênicas, Atuei durante quatro anos no grupo Tupã Teatro Laboratório como e arte educadora no projeto Tupã Teatro Arte Educação e como atriz nos seguintes espetáculos: Tude é Poesia, Essa é nossa praia, Yaba, Neverwas,Narizinho no mar da imaginação.Em 2001, o grupo foi convidado a Dinamarca participando de workshops em turnê com o espetáculo YABA em várias escolas e teatros do país. Recebemos o prêmio COPENE no ano de 2002, de espetáculo revelação e de melhor musical no Festival de São Mateus no Espírito Santo, em 2002 participei de viagem de pesquisa da cultura Andina no Peru e Bolívia, para o espetáculo INCA, que fez parte do projeto “Circulado” da Fundação Cultural do Estado da Bahia.
Em 2006 passei a integrar o Grupo Oco Teatro Laboratório Direção de Luis Alberto Alonso, participando dos seguintes espetáculos como atriz: Branca, Os Sonhos de Segismundo (indicado nas categorias melhor espetáculo e melhor atriz Para Diana Ramos pelo prémio COPENE),Cuide Bem de Você( apresentações em mais de 30 escolas no Município de Lauro de Freitas). O grupo ainda realiza os seguintes projetos: Abril Teatral (Oficinas de teatro para alunos da rede municipal de ensino, do qual sou coordenadora), FILTE (Festival Latino Americano de Teatro, do qual sou assistente de produção e secretária), NORTEA (Núcleo de Laboratórios Teatrais do Nordeste, assistente de produção). Junto ao Grupo Oco Teatro tenho atuado com apresentações dos espetáculos Branca e Os Sonhos de Segismundo no Peru, Equador, Espanha, e na cidade de Recife/PE, em breve estaremos em Turnê pelo nordeste e em julho participando do Festival de Teatro de Miami.
Com trabalhos realizados no PAJ de Lauro de Freitas como arte educadora, escola Solange Coelho, CAS (Centro Assistencial de Surdos da Bahia).


CSU (Centro Social Urbano) Em Portão com aulas de teatro para terceira idade, em Mussurunga com adolecentes.
Sempre desenvolvendo trabalhos educacionais voltados para a valorização do individuo.
FOTOS DO ESPETÁCULO BRANCA BY SALGADO E HERCILIA





Hoje enquanto trabalhava em minha casa pensei um pouco sobre como meu trabalho guia a minha vida. Existe duas visões para minha profissão e não aceito nem uma nem outra. A primeira é a de que ser atriz é puro glamour, aplausos, festas, fantasias, dinheiro ,fama. A segunda é de que é brincadeira, coisa de gente que não tem o que fazer, vidinha fácil, sem dinheiro. Ora vejamos se até algumas décadas atrás a profissão estava na legislação no mesmo patamar que a das profissionais do sexo(nada contra caso seja de maior, cada um faz o que quer de seu corpo), pessoas desinformadas terminam pensando o que querem. Quanto ao glamour não sei o que é isso, não fui apresentada e talvez nem queira. O que sei é que tem que haver muito estudo, abnegação, trabalho força de vontade e coragem. É um caminho longo que eu ainda estou aprendendo a seguir.As vezes é preciso ficar até mesmo contra a família para seguir em frente,e isso só sabe aquele que escolhe esse labor para viver, é a profissão que escolhi e acho linda! Não há nada mais maravilhoso do que quando terminada a função o suor que banha o nosso trabalho nos mostra o quanto podemos ser dignos, importantes. As vezes machuco meu corpo, as vezes rasgo minha alma...

Beatriz
Olha
Será ela é moça
Será que ela é triste
Será que é o contrário
Será que é pinturaO rosto da atriz
Se ela dança no sétimo céu
Se ela acredita que é outro país
E se ela só decora o seu papel
E se eu pudesse entrar na sua vida
Olha Será que é de louça
Será que é de eter
Será que loucura
Será que é cenário
A casa da atriz
Se ela mora num arranha-céu
E se as paredes são feitas de giz
E se ela chora num quarto de hotel
E se eu pudesse entrar na sua vida
Sim me leva para sempre Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Ai, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz
Olha Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da atriz
E se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem biz
E se um arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida











Edu Lobo e Chico Buarque



A voz é o som produzido pela vibração das pregas vocais (também conhecidas como cordas vocais), na laringe, pelo ar vindo dos pulmões. A voz é uma característica humana, que vem da necessidade de comunicar.É um trabalho em conjunto de vários orgãos do nosso corpo e sendo assim a voz sofre muita influência do nosso estado de saúde ou emocional, (eu por exemplo não posso ficar nervosa).
No cotidiano é natural que o nosso corpo, a nossa voz sejam usados de uma forma inconsciente, porém os atores e atrizes precisam ter consciência de amplitude da voz, usando palavras bem pronunciadas, boa dicção, a respiração controlada, os cuidados necessários e o corpo em comunhão com esse estado, pois o corpo e a voz são os meus, instrumentos de trabalho, é o intrumento de todo ator/atriz. A voz é um instrumento vivo, o corpo também. Voz e corpo são uno.

Pensado em voz e corpo como único, percebemos o quanto um influencia o outro, os impulsos, as nuances e vibrações de um pertence ao outro. Não existe coisa mais linda para mim quando vejo um espetáculo teatral e percebo no ator na atriz que não há separação, quando esses impulsos são realmente sentidos, usados e modelados conforme a necessidade do momento e eu particularmente recuso ver toda obra onde se percebe nitidamente a separação: a hora de falar, dançar, cantar.

Mas cuidemos então desse instrumento lindo que é o nosso corpo.

Hoje me deu vontade de falar um pouco dos bastidores de uma peça teatral, pela minha visão e sensações, quero descrever o resultado de um processo longo que resulta nessa ponta deiceberg. Pois para uma peça ser encenada existe todo um tempo de preparação, pesquisas, treinos, ensaios e produção (arte de tirar leite de pedra). O teatro é a arte da coletividade ao mesmo tempo que é um encontro doator com seu próprio eu, onde ele antes de tudo está seespondo e ao mesmo tempo se anulando. Então começo...
A encenação começa às 20:oo mas todos chegam às 15:00. Coloco os elementos de cena, vou verificar os figurinos se estão prontos enquanto converso amenidades, enquanto faço isso, já estou me desligando de minhas coisas, preocupações.
Quando o clima está leve é melhor ainda, ajuda no processo, o diretor observa e corrige algumas cenas e depois disso procuro um lugar no palco, deito fecho meus olhos e respiro devagar, sentindo meu corpo em contatocom o chão, sentindo o cheiro do palco. Vou acalmando, adaptando-me, procurando estar pronta para o trabalho, alongo meu corpo, aqueço e depois todos fazemos a "Dança dos Ventos"(http://www.ocoteatro.com.br/).
Logo em seguida vem a maquiagem.Gosto de me maquiarrápido, vestir o figurino, que é como se fosse a pele do personagem, gosto de estar pronta logo para ter tempo de revisar tudo quantas vezes puder, parece uma paranóia mas me sinto mais segura assim.
Uns quinze minutos antes de começar cantamos todas as musicas, respiro fundo.Todos a postos começa oespetáculo, um frio, um calor, um coração batendo apertado e descompassadamente. No meio de tudo não pode ter engasgos, cansaço, tropeços, mas as vezes eles acontecem e tem que ser disfarçados ou aproveitados dependendo da situação. Entro e saio de cena na primeira parte dançando, cantando, falando, sinto o nó na garganta que por vezes quase me sufoca e tenho que vencer, o corpo luta para se superar.
Saio de cena, troco de roupa, bebo agua, pego elementos, troco de lugar e isso tudo lutando para não perder a energia, pois quando isso acontece compromete o ritmo do trabalho. Tento, busco ser verdadeira não sei se já consigo. Stanislavski explicava que:"representar verdadeiramente significa estar certo, ser lógico, coerente, pensar, lutar, sentir e agir em uníssono com o papel". O suor escorre nos olhos e arde, não dá pra limpar, por causa damaquiagem,a cochia está escura,temos que aprender a trabalhar praticamente na escuridão, cheia de coisas que não podem quebrar, mas com algumas que podem me quebrar, a topada acontece e não posso chingar, no lugar disso agradeço por não ter feito barulho.
Acontece um entra e sai de cena em que tudo está calculado, foi ensaiado, nada pode fugir das partituras físicas e vocais.Tem um momento que demoro muito entre uma cena e outra e minha vida quer me invadir como uminseto que voa em meus ouvidos, espanto e percebo que uma vela se apaga, ou um colega precisa de ajuda o que me mantém presente.
Recolho tudo que não vai mais ser usado dos bastidores e entro para próxima cena, fico em uma posição incomoda, meus pés e minhas panturrilhas insistem em uma caimbra que me torce, mais tenho que continuar e canto, tem que cantar no momento exato e falo tem que falar o texto certo, com emoção e o corpo tem que estar vivo, presente fazendo o que foi exaustivamente ensaiado. Termina.Por fim vem os aplausos.
Bonito ver o público satisfeito, é para ele que trabalhamos.Eu me sinto muito bem quando em vez de aplausos existe um silêncio, um silêncio de cérebros que fervilham de ideias que foram sendo construídas ou destruídas durante o espetáculo. A plateia recebe a proposta de forma indefinível, por serem seres distintos, receberam a proposta de diferentes formas conforme a sua própria história.
Estou exausta, acho que o espetáculo não foi bem, para mim faltou ritmo, eu não estava bem e em meio a esses pensamentos vou guardando os elementos, tirando amaquiagem, apagando o resto da fantasia,algumas pessoas entram no camarim fazem elogios que no momento não faz muito efeito para mim pois estou pensando no momento que troquei uma palavra do texto ou atrasei alguns segundos para entrar, contudo sempre é bom saber que tem pessoas acompanhando o trabalho, a presença deles me faz feliz.
diretor (pessoa que primeiro idealiza e busca tudo isso, dentro dessa organização) entra no camarim e sem estarmos esperando diz que a apresentação foi ótima e se ele fala é porque realmente achou e foi, isso para mim serve como um incentivo de tentar melhorar, dá ânimo, ele diz que no outro dia tem coisas a acertar, então termino de me arrumar e corro para pegar o último ónibus da noite, com um dedo ferido, muito cansada e pensando: é um verdadeiro sacerdócio, mas tem suas compensações, tanta emoção vivida e repetidas, sensações, oportunidades de se ter experiências diferentes do cotidiano, a busca pelo conhecimento de culturas e de si, dou um leve sorriso e lembro das palavras de Brecht:"O prazer é a mais nobre função daatividade teatral".
Para escutar:http://www.youtube.com/watch?v=VucvCGF0i0g
Em Yaba no Tupã Teatro LaboratórioEm homenagem a Ocos e Tupãs, beijos no coração de todos.


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