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sábado, 5 de outubro de 2013

A TIA SOZINHA


Era uma tia muito velha, velhinha mesmo. Minha avó na época que perguntei tinha uns oitenta anos e me disse; Ela já deve estar na casa dos 100, porque quando eu me casei quase menina, ela já estava coroa. Vovó se foi e ela ainda ficou muitos anos.
Vivia só em um lugarejo de praia do interior, numa casinha pequenininha e aconchegante. O quintal era enorme, tinha coqueiro, abacateiro, limoeiro e pé de carambola, o último quando carregado era alugado, a pessoa  que locava tirava o quanto quisesse de frutas.
Comia bem, fazia tudo sozinha, morava só, no verão a casa enchia, de gente, de alegria de confusão, meninos e meninas, casais de namorados, ela ficava entre a alegria e a agonia de ver tanta gente mexendo em suas coisas.Quem chegava sempre levava a latinha de goiabada e a tia sorria o seu sorriso banguela. Se alguém esquecesse um alfinete guardava e no ano seguinte devolvia ao dono, tudo tinha valor naquela casinha. Era o extremo da economia; tirava lâmpada da geladeira pra diminuir a conta da luz, ralava tudo na mão pra não ligar o liquidificador, fazia a gente acender fogueira no quintal pra cozinhar o marisco que pegávamos na maré, só pra não gastar gás.A tv tinha sempre que ficar uma pessoa de plantão, pois se fosse ao banheiro e ela passasse, desligava.
Contadora de histórias, um deleite no tempo em que eu ia ainda criança e não tinha luz, aliás água também não tinha e antes da praia amada, tinha que encher as moringas. Isso no tempo que ainda era costume encher a casa de areia alva da praia e folha de pitanga nos dias de festa.
Só tinha um olho e era manca de uma perna, mas tratava baiacu como ninguém.Fazia moqueca gostosa cheia de limão, coentro e pimenta. Não saía de casa pra nada, as vezes espiava da porta, metade do corpo magro e alto dentro, metade fora, no entanto sabia de tudo que passava no lugarejo, as informações ninguém sabia como chegavam. Na verdade me lembro de vê-la sair uma única vez,indo a praia pra ariar os talheres velhos de prata na areia fina como sal num final de tarde.
Minha avó contava que ela namorou uma década, noivou outra e quando casou o noivo morreu. Desde então vivia sua vida reclusa. Na casinha ninguém tinha permissão pra entrar no quarto e dentro tinha um baú.Perguntava o que tinha e ela se aborrecia. Eu sempre achei que dentro tinha um lindo vestido de noiva, sempre pensava no dia quando se fosse, eu olharia o recheio do baú.
Todos os anos quando o verão acabava se repetiam os chaus e para todos lágrimas escorriam do rosto curtido pelo tempo como casca de árvore,acabavam os risos, a confusão, a anciã voltava para sua solidão. Nunca descobri o que tinha no baú, algum tesouro,tralhas velhas... No fundo acho que eu sabia o conteúdo sim: Ali ela guardava todos os seus sonhos.

domingo, 18 de agosto de 2013

PORTAIS PARA MUNDOS LEGAIS


Quando criança vivia num verdadeiro mundo mágico. Não que minha vida fosse um mar de flores (apesar delas estarem sempre presentes), mas uma coisa que sempre soube foi transitar por esses mundos que os incrédulos afirmam ser simplesmente bobagem. Viajava sempre que me sentia triste pra um destino desses e aí podia ser o que quisesse. Todos me achavam bonita, inteligente, com uma voz maravilhosa. Não tinha medo de nada pois tinha a confiança de que tudo dependia de mim. Sempre estava confiante, tinha muitos amigos, conhecia e aprendia tudo o que precisava. Matemática não me assombrava, guerras também não, na verdade nada me assombrava.Os livros eram os portais desses mundos, começaram com a voz da minha mãe que lia todos os dias pra que eu dormisse, depois com as revistas em quadrinhos herdadas de meu tio Ado. Os livros maravilhosos da biblioteca de tia Cida, os livros que ganhava de meu pai e assim podia ir e voltar sempre que sentisse necessidade.Odiava jornais, eles eram os portais dos mundos que eu não queria estar, na maioria das vezes continham tudo que me amedrontava ou que eu não conseguia entender.
Hoje ainda viajo, mas as viagens estão cada vez mais curtas e cada vez mais estou nos mundos dos jornais...

Vampira Dea

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A VIAGEM DA MINHA VIDA, PARTE VII, INDO EMBORA

Era dose domar aqueles meninos eu e minha amiga éramos minoria e por muitas vezes se não brigássemos feio prevalecia a vontade deles. Digo isso porque inventaram de ir a Puno viajando num ônibus de dois andares que era mais caro e algo me dizia que não ia ser bom. Ok, todos se divertindo, viagem tranquila vou ao banheiro e surpresa: Uma idéia de girico banheiro panorâmico, alguem já viu disso? a parte do banheiro que dava pra fora era de acrílico, vidro, sei lá e fui eu me sentindo a Priscila, Rainha do deserto só que no trono mesmo, ganhei até chauzinho de um cara que passou numa Mercedes velha.
Voltei mas não adiantava me zangar e fomos cantando, observando a paisagem, contando piadas. Quando chegamos a Puno eram quatro da tarde, e nos disseram que no outro dia, um domingo, seria a eleição para presidente na Bolívia e que seria um momento problemático. Nos desesperamos, pois qualquer impedimento de chegar a Cochabamba nos prejudicaria demais. Então tomamos a decisão de irmos para La Paz e passar a eleição descansando. A fronteira fechava as19:00 e já eram 17:30. Pegamos o ônibus e chegamos na fronteira um lugar esmo no meio do mato e umas casinhas goguentas. Já tinha fechado, no desespero juntamos todos que queriam migrar, e fomos ilegalmente na casa do funcionário, imploramos e ele nos passou modificando a hora. Fiquei triste porque só vi o Titicaca da janela do ônibus, mas um dia volto pra ver Pegamos uma van e quando pensávamos que já tínhamos chegado, mais uma vez tínhamos que pegar outra van para outro, e outro lugar até que chegamos o mais próximo de La Paz e resolvemos entrar num hotel, parecia aqueles de filme americano, com brigas e cabeceiras de cama batendo nas paredes. Pegamos outra van e paramos em uma cidadezinha. Ficamos na  rua com as bagagens enquanto dois colegas foram buscar um taxi, a demora foi grande e batia o desespero, estavamos parecendo heróis japoneses . Enfim chegou um taxi com cachorro dentro e tudo, embarcamos e quando chegamos ao centro de La Paz, não encontrávamos hotel, enfim conseguimos, passamos dois dias difíceis trancados no hotel, eu fraca e o Brasil ganhando a copa, voltamos para o Brasil e nos perguntamos porque passamos por tudo aquilo.
Pode até parecer um perigo sem proposito, ou que só tiveram momentos ruins, mas cada cheiro, cada pessoas que conheci, cada história que me foi contada, flor, verde, vento, frio, o sol, os olhares, foram emoções indescritíveis, voltei mais duas vezes, com conforto e programação perfeita, conheci e fiz amigos lindos, mas a primeira foi mágica, não sei explicar. Paro de contar porque ficou demasiada grande, porque não quero contar demais, ou sei lá, cansei, mexe comigo ainda.
Um vídeo de 2009, no final...

Abro e fecho meus olhosmuitas vezes, pisco sem parar como que para ter certeza do que vejo, sinto os cheiros o vento. Daqui de cima do cruzeiro de S. Cristovão o vento me chega diferente, é um mar de luzesserpentes vivas de fogo que saem da terra, são luzes, são pessoas. Não sei como tive coragem de subir aqui, o nome do percusso dado por um amigo meu é Jesus está chamando, porque o carro passa a centímetros de cair do despinhadeiro enquanto vemos casinhas coloridas que parecem feitas de caixas de fósforos e o guia insiste em mostrar o cemitério. Mas quando se chega tudo vale a pena, vejo toda a cidade até o mar, seus engarrafamentosluzesprédios. Vejo um incêndio o fogo lambe o céu, imagino o desespero e penso no meu próprio porque ainda tenho que descersendo que  subi porque esqueci como era...Coisas me voltam a mente, frescas, como foi quando estive aqui da primeira vez...e choro porque o tempo passa, porque tudo passa e fico feliz porque tudo passa. Subi de dia, desci de noite.

VIDEO DO MOMENTO DESSA SUBIDA FEITO POR TIAGO CHAVES
Voltei em 2010, volto se Deus quiser em 2013, dessa vez com meus filhos.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A VIAGEM DA MINHA VIDA VI PARTE: MACHU PICHU

Deixamos as coisas no hotel e seguimos viagem com o minimo possível para Machu Pichu, foi tudo lindo e perfeito. Pegamos o trem que os nativos do lugar pegam, na espera pessoas vendiam de tudo, bonecas de pano absurdamente lindas e baratas. Os meninos compraram um queijo que uma senhorinha vendia segurando na saia entre as pernas, eu disse que não queria saber daquele queijo, que deveria estar fedido e os meninos disseram que justamente por isso deveria estar gostoso e compraram o bendito, bem mais barato. 
Chegamos e tudo foi perfeito menos a parte em que eu em Águas Calientes fui as piscinas térmicas minerais e passei mais tempo do que devia, resultado: uma coceira dos infernos.  Ah! ia me esquecendo botei um biquine e molhei a bunda no rio sagrado dos Incas o rio Yurubamba, quase morri  com a água fria rsrsr, mas se eu não me metesse nesses erros não seria eu. Para mim foi um alivio o calor e tudo mais, queria ter subido o Wana Pichu mas me deu preguiça, fiquei só curtindo o sol, a história a energia, ia esconder mais conto que subir a montanha pela madrugada não foi fácil no entanto tudo que meus olhos registraram valeu realmente a pena. Deu a hora de voltar e um de meus amigos não voltava do Wana Pichu, paciência, teríamos que ir pois era questão de sobrevivência, não podíamos arriscar a viagem de volta de todos, felizmente ele chegou a tempo e a viagem de volta foi tranquila com aquele sentimento de que somos poeirinhas no mundo e ao mesmo tempo maravilhados. Ah quanto ao queijo na hora que bateu a fome comi o danado e até esqueci da historia rsrsr.
Quando chegamos percebi uns sorrisos de alguns homens que estavam pela rua...
Mais um dia e estávamos indo, passeios pelos lugares que em tão pouco tempo me acostumei. À noite de volta ao hotel os gemidos foram terríveis, quase não consegui dormi, pensando naquela alma sofredora e pela manhã quando  enfim chegou o dia da partida os meninos resolveram contar que estávamos hospedados em um motel e eu lerda não tinha percebido e eu ficava sendo motivo de piadinhas porque com certeza estavam reparando que eu estava num quarto com quatro homens, Raiva. 
Pegamos o nosso ônibus e seguimos para Puno, iriamos ver o Titicaca e eu ansiosa...
Sensações:
Pegando Nuvens
Um dia foi me dada pela vida a oportunidade de chegar bem perto das nuvens e então pensei: hoje vou toca-las. Fui preparada, com muita esperança de conseguir. Caminhei durante toda noite, pois a melhor hora para fazer isso são os primeiros minutos do dia.A subida não foi fácil, passei por muitas coisas e demorei pra chegar, mas consegui chegar e estava próxima, tão próxima que elas tocavam o meu corpo. Respirei nuvens, eram frias e cheiravam a agua. Então estiquei meus braços e abri minhas mãos as nuvens passavam entre meus dedos... Estava tão feliz... os pássaros voavam sob meus pés e então com as mãos em concha consegui segurar o máximo de nuvens que minhas mãos podiam. Meu coração batia muito forte, minha respiração era ofegante, como a de quem ganha o melhor presente ou tem um gozo pleno, mas o Sol nascia forte e como que por encanto as nuvens começaram a sumir, eu tentava em vão segura-las mais elas foram sumindo, sumindo e em segundos desapareceram completamente.Sentei em uma pedra e chorei, mas depois pensei foi tão lindo, eu consegui chegar a tocar nas nuvens, enxuguei minhas lágrimas e segui feliz.
Vampira Dea 


Último cap. na próxima publicação 

domingo, 11 de dezembro de 2011

A VIAGEM DA MINHA VIDA V PARTE: A PRIMEIRA VEZ

Os dias seguiam em pequenas compras, passeios a sítios arqueológicos, a festa Inti, desfiles cívicos... e o dinheiro acabando, quando dei por mim não tinha quase nada e ainda faltavam oito dias, respirei fundo e pensei F. mas já não tinha jeito a dar, eu com minha cara de pau observando os comerciantes na feira percebi que bastava dizer que não conhecia alguma coisa e eles davam para experimentar, então assim foi o meu café da manhã por alguns dias até que acabaram os vendedores rsrrs.
Voltei algumas vezes ao vale da Lua e em uma dessas idas, quando estava voltado, já quase escurecendo vi um rapaz com um cavalo branco enorme, bem cuidado lindo. Sou louca por animais e não resisti fui ver o bicho de perto, já puxando conversa, o rapaz me disse que fazia passeios procurei logo saber como, quando, onde e  o mais importante: Quanto. ele falou o preço que para mim naquele momento era muito: 50 solis. Nem pensei duas vezes combinei a saída as  seis da manhã e mais três colegas iriam comigo.
Nesse meio tempo esqueci de falar que nas minha idas a feira resolvi comprar ingredientes para o café e cobrava  de meus colegas 5 solis por cada porção , o dobro do que gastava e que também estávamos pegando tecidos de uma loja de reforma de sofá e transformando em marionetes para vender, só que pra economizar já que não queríamos gastar nem com a linha e desfiávamos o pano pra costurar, só fazíamos Sacis. Todos que viam comprar ( não sei de onde tiravam a ideia) pensavam que na Amazônia existia uma tribo de pessoas negras de um pé só.
Na hora combinada o rapaz apareceu para nos buscar: Eu Hirton, Gustavo e Mario, Rubenval e Manú decidiram ficar. Eu tinha preparado o café: maiz, yuca, café e leite e a conta tava certa , Gustavo por uma educação que surgiu naquela hora rsrsr ofereceu para que o rapaz se service, eu fazia o sinal e ele nem entendeu, o rapaz comeu foi tudo e eu sai para o passeio sabendo que na volta iria ouvir.
Quando chegamos no local montamos os cavalos e eu estava contrariada por não montar no cavalo branco do dia anterior, mas logo passou e curti muito o passeio até que começamos a passar por alguns sítios arqueológicos, estradas, sítios de criação de llamas, um rio. Num momento o cachecol de Gustavo voou e o meu cavalo se assustou empinando, precisou o dono segurar. Tomei o susto, mas consegui ficar. O caminho foi mudando e quando percebemos estavamos em uma montanha e de lá víamos a festa Inti no Vale do Sol. Descemos a montanha por um caminho muito estreito que se desfazia sob os cascos, perguntei se aqueles cavalos eram bodes e Hirton me falou: Menina você nasceu em cima de um cavalo? E eu respondi essa é a minha primeira vez. E foi o passeio mais lindo de toda minha vida, paisagens , o ar o sol, tudo estava perfeito. Ficávamos a maior parte do tempo em silêncio,sentindo.
Descemos depois de horas no lombo e eu fui comer um ovinho frito, isso mesmo, fritado em uma fogueirinha no chão, tinha também aqueles roedores assados. Me acomodei feito uma cabrita nas pedras pra assistir a festa, coisa pra turista , não me interessei e desci as ladeiras que já estava tão acostumada, andava pelo centro de olhos fechados. Vi uma família de mendigos no caminho e me sentei a conversar, depois de comprar uns pedaços de melancia para comer com eles. Me falaram que plantavam milho, tiveram que abandonar as terras. Era pai, mãe e dois filhos de campezinnos, tinham parentes desaparecidos, a vida não estava fácil, brinquei com as crianças, coisa que não é muito natural em mim e terminei de descer a ladeira lembrando da mulher que vi em  Lima: Eram dez da noite e uma mulher com cinco filhos, com poucas roupas para tanto frio e com certeza muita fome, cantava com a voz que eu jamais havia visto e nunca mais ouvi nada parecido. Ela cantava um lamento que virou meu texto no espetáculo Yaba, tentei cantar como ela nunca consegui: DE-ME PER FAVOR AYUDA PARA LECHE DE MI BEBITO YO NO TENGO NADA, DE-ME POR FAVOR...
Chorei naquela noite, chorei naquele dia.
Não digitalizei as fotos desse dia até hoje...

sábado, 26 de novembro de 2011

A VIAGEM DA MINHA VIDA IV PARTE: CUZCO

Embarcamos para Cuzco  com um aviso : cuidado com o sorost (mal estar por conta da altitude). Não demos a mínima e a viagem seguia tranquila, até que tivemos que trocar de ônibus pq as estradas não suportaria um veiculo tão grande. Apertados e eu já com uma garrafinha de chá de coca que uma velha senhora me indicou para não passar mal, na mochila.
A montanha russa começou: Víamos, rios como pequenas veias, a estrada desfazendo em pedrinhas que rolavam ribanceira abaixo, Rubenval meu colega de grupo suava frio e pedia por Deus e a gente ria, pra não chorar de vergonha, pra que me apavorar se ainda faltava quase um dia de viagem?
A noite paramos para jantar e comemos... Falta grande, assim que o buzú retomou sua subida, o sorost veio com carga total, todos passaram mal e eu depois de acudir todo mundo, desmaie e só acordei com o sol na cara.
Paramos e no meio do nada tinha um banheiro que aproveitei pra escovar os dentes, demorei demais e quando saí o buzú já tinha ido, saí correndo com a boca espumando e gritando até parar. Continuamos a viagem e depois de 27 horas assistindo o Rei Leão chegamos.
Fomos logo procurando um hotel barato, pra não gastar muito optamos por um que tinha um hall muito bonito com teto de vidro. Explicamos a situação e não sei o que os meninos acertaram pois a atendente deu um sorrisinho bem malicioso pra mim e minha colega Manú. Conseguimos um quarto horrível com três camas de casal, sem chuveiro de água quente, mas ficamos assim mesmo. Tomei um banho frio (quase morri) pois estava fazendo uns 6 graus e fomos explorar a cidade. Tomei um verdadeiro baque. Quantos cheiros, quantas cores, tudo fervilhava era época da festa Inti, fiquei encantada com os campesinos que desfilavam suas roupas danças e tradições com orgulho. A arquitetura maravilhosa, igrejas belissimas, a Plaza Del Armas, magnifica!.
Encontramos um senhor, dono de uma empresa de turismo e puxando assunto ele disse que fazia passeios para o Vale da Lua a noite, um passeio místico. Eu, Hirton e Gustavo acertamos tudo e marcamos a hora e fomos comunicar aos outros. Encontramos todos num ferve mosca ( nossa denominação pra restaurante não muito apresentável e de comida duvidosa) com uma Cusquenha gigante e um sorriso de felicidade que se transformou numa careta horrenda pra descer aquela cerva quente. Uns protestaram e nem ligamos , mas como era de noite queríamos que todos fossem para ser mais seguro.
Fomos a feira comprar os ingredientes da mandiga: Água Florida , rosas brancas e uma garrafa de vinho. Chegou a noite e nos encontramos no lugar marcado, subimos em uma vam e fomos ao Vale da Lua. Chegamos então em uma caverna com um buraco no teto e uma mesa esculpida na pedra, acho que pra sacrifícios  Rezamos com o índio que mascava coca todo o tempo, e depois houve uns cantos, um vento da zorra, um frio de lascar e menos 60 dólares e o tal do xamã ainda encheu a boca de agua florida e cuspiu na minha cara, dentro do ritual. Retados e com medo da coisa ser pior, fomos embora tentando lembrar uns golpes de capoeira se necessário e eu ia segurando na barra do casaco dos meninos com medo que saissem de perto de mim. Fomos jantar num ferve mosca e depois dormir. Chegando no hotel, combinamos que no outro dia alugariamos uma tv para ver os jogos porque nem isso a espelunca tinha, só pagando extra. Tentei dormir mas uns gemidos muito altos e estranhos me apavoraram durante toda a noite...

Continua...

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A VIAGEM DA MINHA VIDA III PARTE: LIMA

 
 Dia lindo de ida ao museu Larco e eu me encantei com as tapeçarias, as cerâmicas e principalmente com as múmias, o museu tem um acervo maravilhoso e o que não falta é história e qual não foi a minha surpresa em ver que o museu dedica uma sessão ao Yuyachkani tamanha importância desse grupo para o país, na saída fomos comer uma galinha com ahí deliciosa e visitamos mercados para ver o artesanato que é de uma riqueza impar e muito barato, conhecemos um professor de inglês brasileiro que vivia lá e a cada frase emendava com um palavrão.
Ficava boba de ver o céu tão cinza, frio e sem chuva muito seco,comprei luvas, comprei cachecol e me maldizia por não ter trazido meu sobretudo xadrez a La Sherlok Holmes e ainda por cima ter trazido tão pouca roupa. Na verdade eu queria praticidade,e uma mochila leve e agora pagava o meu preço. Então tivemos a ideia maluca de todos os dias trocarmos os casacos, era engraçado no dia que eu saía de camuflado rsrsr.
Em nossas caminhadas observávamos muito  as pessoas e eu tentava ao máximo um distanciamento. Alguns campezinos vendiam bugigangas nas ruas e se notava uns olhares tristes... Não pareciam ter orgulho da forma como se vestiam, falavam e muito menos de como  viviam. Mas essa visão dos campezinos se transformou quando cheguei a Cuzco.
Os campezinos desse país as maiores vitimas e a maior resistência, anos de desaparecimentos, eu uma turista, queria ir a museus e a  Cuzco comprar artezanias, comer gostoso, me divertir e descansar. E assim fiz, estava tendo uma overdose de cultura e arte, conheci o que pude da cidade e no meio disso tudo numa bela manhã descobrimos que Arequipa cidade de nossa rota tinha sofrido um atentado a bomba, e a situação estava muito caótica, então tivemos que mudar o nosso caminho tornando-o mais longo e caro.
Mas seguimos nos divertido conhecendo pessoas alegres, uma cidade cheia de encanto, um povo hospitaleiro  Um dia subi no morro de São Cristovão e quase morri de medo, ribanceiras e mais ribanceiras assustadoras, Fomos a Barranco, bairro das noitadas muito bonito e conhecemos o grupo La Cuatro Tablas de renome em Lima e visitamos também o La Torumba escola de circo que me encantou pelo trabalho lindo com crianças.
Depois de quase uma semana nos despedimos dos novos amigos  e embarcamos para nosso objetivo maior: Cuzco.
 Não teve jeito pra que eu gostasse dessa coisa aí rsrsr
 
Já o pisco e a tchicha morada amei!

Cheviche comi até não aguentar mais rsrsr

Os Músicos Ambulantes (Adaptação da obra de Chico) com meus queridíssimos Yuas Tereza, Ana, Devora e Augusto ( querido passarito), Julian e Amiel e direção de Miguel Rubio
Cenas lindas e chocantes da história do Perú.Vale a pena ver o depoimento desses artistas.

Continua...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

ESQUECENDO O MEDO

Hoje estava lembrando de como o medo atrapalha a gente e como eu tenho a capacidade de esquecer o medo, tenho medo de altura, é um medo que me dá vontade de me jogar, mas quase sempre esqueço do quanto esse medo me paralisa e sempre estou no alto rsr, vulcões, montanhas, prédios altos, janela do avião, como boa morcega não deveria ter medo de altura já que sei voar.
Escrevi esse texto e postei no blog o ano passado, quando estava no Peru e resolvi ir e convenci meus amigos a subir no Cruzeiro na cidade de Lima. A  principio eu não lembrava o quanto era pavorosa a subida ( a pior que já fui ) pois já tinha subido alguns anos antes e tinha ficado apavorada, passei um medo danado, mas quando vi o medo deles me diverti horrores. A gravação que aparece no final é de Tiago Martinez dono do Ogiva Goitacá, a gravação não tá muito legal porque foi feita com celular, mostra nossos bastidores e alguns passeios pela cidade, mas notem no áudio o desespero deles no começo e no fim que é justamente durante a subida e como eles me agradecem  no final rsrsrs e olha que do vídeo nem dá pra ter idéia da situação real.
Despenhadeiro
Abro e fecho meus olhos muitas vezes,pisco sem parar como que para ter a certeza do que vejo, sinto os cheiros, o vento. Daqui de cima do Cruzeiro de S. Cristóvão o vento me chega diferente, é um mar de luzes, serpentes vivas de fogo que saem da terra. São luzes, pessoas. Não sei como tive coragem de subir aqui de novo,o nome do percurso dado por um amigo meu foi Jesus está chamando, porque o carro passa a centímetros de cair do despenhadeiro enquanto vemos casinhas coloridas que parecem feitas de caixas de fósforos e o guia ironicamente insiste em mostrar o cemitério que alguns fazem de conta não ter percebido. Mas quando se chega tudo vale a pena, vejo toda a cidade até o mar, seus engarrafamentos, luzes, prédios. Vejo um incêndio, o fogo lambe o céu, imagino o desespero e penso no meu próprio porque ainda tenho que descer, sendo que só subi porque esqueci como era a subida... Coisas me voltam a mente, frescas como foi quando estive aqui da primeira vez... E choro pois o tempo passa, tudo passa e também fico feliz que tudo passa. Da primeira vez subi de noite desci de dia, hoje subi de dia e desci â noite...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

DINAMARCA MAR E CÉU AZUIS, DINAMARCA MAR VERMELHO, CÉU NEGRO


Como Alice no País das Maravilhas encantada com tudo, cheguei num mundo perfeito "". Foi a minha primeira viagem para o exterior e quase não podia acreditar no que se descortinava frente aos meus olhos: Um mundo colorido de flores por todos os lados, grama verde, um céu azul, um mar de sonhos e pessoas que mais se pareciam com um exército de Barbies e Kens. Era um conto de fadas. Todas as coisas funcionavam e bem, tudo bonito e limpo, chocolate, comida feita com esmero, pessoas hospitaleiras, muito frio apesar do verão e também tudo muito caro, tudo tem o seu outro lado foi a primeira coisa que descobri.. 

Croner
Cheguei a Dinamarca para um intercâmbio do grupo Tupã de Teatro Laboratório e Ragnarock. Iríamos apresentar Yaba Nasce Uma Nação em muitos teatros inclusive no Odin Teatret.Participamos de workshopings e oficinas por muitas escolas e até uma universidade. Uma escola de ensino fundamental me chamou atenção porque reproduziam a escola como uma extensão da familia: as crianças seguiam até os 14 anos com a mesma turma e professora, uma outra escola as crianças e adolescentes que administravam a escola.
Tudo acontecia no tempo certo, o trem passava por exemplo na inacreditável 8:25:15 acertavam e cumpriam até os segundos.

Castelo de Hamlet
Isso aconteceu há quase dez anos. E não quero que pensem que só consegui ver o aspecto negativo, mas é preciso perceber que nem tudo são flores no mundo real.Visitei várias cidades, conheci lugares de sonhos, mas curiosamente uma tristeza me tomava conta. Comecei a buscar rostos na multidão, rostos mais comuns, alguma imperfeição estética me tranquilizava, algum atraso me acalmava. Fui a um espaço, uma espécie de comunidade que agora não me recordo o nome onde outrora funcionou uma fábrica e hoje é como uma zona livre, onde existem suas próprias leis, isso me fez bem.Pais pequeno, tido como exemplo de paz, não se mete em conflitos, mas "Há algo de podre no Reino da Dinamarca".
Palavras de Hamlet meu anti-herói preferido. Não existe assim tanta perfeição , não é possível e eu tenho a impressão que qualquer coisa que saia da organização desestabiliza rapidamente um Dinamarquês,os índices de suicidios são altos (fala-se que a culpa é do clima), e eles têm uma tradição terrível, um ritual de passagem no qual se matam golfinhos,um verdadeiro massacre.

Massacre de golfinhos


Tivoli
Infelizmente nada é perfeito,estranhamente nunca me senti tão só, mesmo com tantas canções,festas, sorvetes,sorrisos, parques de diversões, jantares a luz de velas, aplausos, sorrisos, achava estranho toda essa perfeição e depois de conhecer um país tão lindo, voltei e amei como nunca meu país imperfeito.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

LABORATÓRIO YUYACHKANI










































Avistando montes nevados e o Lago Titicaca que um dia tive o prazer de contornar por terra, do alto, meu coração palpitava pela grande emoção que estava sentindo: Participar de um Laboratório de teatro com o grupo Yuyachkani no Perú, país que amo, com um grupo de tanta importância na América Latina. Obrigado a todos que compartilharam a experiência, obrigada Yuyas, Obrigada Oco Teatro que agora entra na reta final para o Filte, com a presença de muitos grupos de peso inclusive o yuyachkani.
Para ver as fotos clique

domingo, 15 de agosto de 2010

MIAMI


Clic nas fotos para aumentar
Em Miami muito trabalho,foram três apresentações, cidade quente, bem arborizada e um show de urbanismo. Ruas vazias,lojas com preços ótimos, praia limpa, casas iguais as dos filmes sem muro, o tempo foi curto, até pq todos têm carro e as distâncias são enormes, mas o taxi é carissimo e ônibus raro. Foi bem legal
Foto da praia Diana Ramos as outras são minhas rsrrs

quarta-feira, 21 de julho de 2010

ESTOU DE VOLTA

OI PESSOAS QUE ADORO. ESTOU DE VOLTA DE MIAMI, APRESENTAÇÕES DO ESPETÁCULO: TUDO DE BOM,LOGO COLOCAREI ALGUMAS FOTOS. TENHO QUE FAZER ISSO RÁPIDO, PRA SEMANA ESTAREI EM LIMA PERÚ MEU PAÍS ADORADO. POR ENQUANTO LEIAM A CRÍTICA FEITA POR UM JORNALISTA AMERICANO http://www.miamiherald.com/2010/07/20/1737530/brazilian-play-combines-literary.html

segunda-feira, 24 de maio de 2010

COMO FOI NA PARAÍBA?




Conhecer a Paraíba? Experiência linda. Principalmente pelo calor humano. É bom saber que no Nordeste existe teatro do bom.Nessa 2º mostra de teatro de grupo casa cheia e muita troca.Obrigada Sertão Teatro,Clowns de shakespere,Grupo Bigorna e Grupo Bagaceira de Teatro que fez dez anos de existência. Bom conhecer, e também reencontrar, beijo no coração de todos.
Agora Oco teatro em Maceió.
Clic nas fotos para ler as reportagens, Oco teatro Laboratório.