Como Alice no País das Maravilhas encantada com tudo, cheguei num mundo perfeito "". Foi a minha primeira viagem para o exterior e quase não podia acreditar no que se descortinava frente aos meus olhos: Um mundo colorido de flores por todos os lados, grama verde, um céu azul, um mar de sonhos e pessoas que mais se pareciam com um exército de Barbies e Kens. Era um conto de fadas. Todas as coisas funcionavam e bem, tudo bonito e limpo, chocolate, comida feita com esmero, pessoas hospitaleiras, muito frio apesar do verão e também tudo muito caro, tudo tem o seu outro lado foi a primeira coisa que descobri..
Croner
Cheguei a Dinamarca para um intercâmbio do grupo Tupã de Teatro Laboratório e Ragnarock. Iríamos apresentar Yaba Nasce Uma Nação em muitos teatros inclusive no Odin Teatret.Participamos de workshopings e oficinas por muitas escolas e até uma universidade. Uma escola de ensino fundamental me chamou atenção porque reproduziam a escola como uma extensão da familia: as crianças seguiam até os 14 anos com a mesma turma e professora, uma outra escola as crianças e adolescentes que administravam a escola.
Tudo acontecia no tempo certo, o trem passava por exemplo na inacreditável 8:25:15 acertavam e cumpriam até os segundos.
Castelo de Hamlet
Isso aconteceu há quase dez anos. E não quero que pensem que só consegui ver o aspecto negativo, mas é preciso perceber que nem tudo são flores no mundo real.Visitei várias cidades, conheci lugares de sonhos, mas curiosamente uma tristeza me tomava conta. Comecei a buscar rostos na multidão, rostos mais comuns, alguma imperfeição estética me tranquilizava, algum atraso me acalmava. Fui a um espaço, uma espécie de comunidade que agora não me recordo o nome onde outrora funcionou uma fábrica e hoje é como uma zona livre, onde existem suas próprias leis, isso me fez bem.Pais pequeno, tido como exemplo de paz, não se mete em conflitos, mas "Há algo de podre no Reino da Dinamarca".Palavras de Hamlet meu anti-herói preferido. Não existe assim tanta perfeição , não é possível e eu tenho a impressão que qualquer coisa que saia da organização desestabiliza rapidamente um Dinamarquês,os índices de suicidios são altos (fala-se que a culpa é do clima), e eles têm uma tradição terrível, um ritual de passagem no qual se matam golfinhos,um verdadeiro massacre.
Massacre de golfinhos
Tivoli
Infelizmente nada é perfeito,estranhamente nunca me senti tão só, mesmo com tantas canções,festas, sorvetes,sorrisos, parques de diversões, jantares a luz de velas, aplausos, sorrisos, achava estranho toda essa perfeição e depois de conhecer um país tão lindo, voltei e amei como nunca meu país imperfeito.
Maravilhosa narrativa, Dea. Dá para sentir junto os arrepios, cheiros e gostos. Na parte dos golfinhos, até os vampiros sentiram asco dos humanos.
ResponderExcluirTriste descobrir o lado negro, assim. Bom seria se ao menos houvesse tempo antes, para se ambientar melhor à parte boa.
ResponderExcluirE se pudesse sentir-se menos solitária...
Beijo!
Bom, a questão dos golfinhos realmente não faz sentido. É uma tradição deplorável.
ResponderExcluirÉ claro que há diferenças culturais. Os povos nórdicos não são tão sociáveis quanto os latinos, mas tuas impressões sobre o lugar não são um pouco subjetivas?
Abraços