Os dias seguiam em pequenas compras, passeios a sítios arqueológicos, a festa Inti, desfiles cívicos... e o dinheiro acabando, quando dei por mim não tinha quase nada e ainda faltavam oito dias, respirei fundo e pensei F. mas já não tinha jeito a dar, eu com minha cara de pau observando os comerciantes na feira percebi que bastava dizer que não conhecia alguma coisa e eles davam para experimentar, então assim foi o meu café da manhã por alguns dias até que acabaram os vendedores rsrrs.
Voltei algumas vezes ao vale da Lua e em uma dessas idas, quando estava voltado, já quase escurecendo vi um rapaz com um cavalo branco enorme, bem cuidado lindo. Sou louca por animais e não resisti fui ver o bicho de perto, já puxando conversa, o rapaz me disse que fazia passeios procurei logo saber como, quando, onde e o mais importante: Quanto. ele falou o preço que para mim naquele momento era muito: 50 solis. Nem pensei duas vezes combinei a saída as seis da manhã e mais três colegas iriam comigo.
Voltei algumas vezes ao vale da Lua e em uma dessas idas, quando estava voltado, já quase escurecendo vi um rapaz com um cavalo branco enorme, bem cuidado lindo. Sou louca por animais e não resisti fui ver o bicho de perto, já puxando conversa, o rapaz me disse que fazia passeios procurei logo saber como, quando, onde e o mais importante: Quanto. ele falou o preço que para mim naquele momento era muito: 50 solis. Nem pensei duas vezes combinei a saída as seis da manhã e mais três colegas iriam comigo.
Nesse meio tempo esqueci de falar que nas minha idas a feira resolvi comprar ingredientes para o café e cobrava de meus colegas 5 solis por cada porção , o dobro do que gastava e que também estávamos pegando tecidos de uma loja de reforma de sofá e transformando em marionetes para vender, só que pra economizar já que não queríamos gastar nem com a linha e desfiávamos o pano pra costurar, só fazíamos Sacis. Todos que viam comprar ( não sei de onde tiravam a ideia) pensavam que na Amazônia existia uma tribo de pessoas negras de um pé só.
Na hora combinada o rapaz apareceu para nos buscar: Eu Hirton, Gustavo e Mario, Rubenval e Manú decidiram ficar. Eu tinha preparado o café: maiz, yuca, café e leite e a conta tava certa , Gustavo por uma educação que surgiu naquela hora rsrsr ofereceu para que o rapaz se service, eu fazia o sinal e ele nem entendeu, o rapaz comeu foi tudo e eu sai para o passeio sabendo que na volta iria ouvir.
Quando chegamos no local montamos os cavalos e eu estava contrariada por não montar no cavalo branco do dia anterior, mas logo passou e curti muito o passeio até que começamos a passar por alguns sítios arqueológicos, estradas, sítios de criação de llamas, um rio. Num momento o cachecol de Gustavo voou e o meu cavalo se assustou empinando, precisou o dono segurar. Tomei o susto, mas consegui ficar. O caminho foi mudando e quando percebemos estavamos em uma montanha e de lá víamos a festa Inti no Vale do Sol. Descemos a montanha por um caminho muito estreito que se desfazia sob os cascos, perguntei se aqueles cavalos eram bodes e Hirton me falou: Menina você nasceu em cima de um cavalo? E eu respondi essa é a minha primeira vez. E foi o passeio mais lindo de toda minha vida, paisagens , o ar o sol, tudo estava perfeito. Ficávamos a maior parte do tempo em silêncio,sentindo.
Descemos depois de horas no lombo e eu fui comer um ovinho frito, isso mesmo, fritado em uma fogueirinha no chão, tinha também aqueles roedores assados. Me acomodei feito uma cabrita nas pedras pra assistir a festa, coisa pra turista , não me interessei e desci as ladeiras que já estava tão acostumada, andava pelo centro de olhos fechados. Vi uma família de mendigos no caminho e me sentei a conversar, depois de comprar uns pedaços de melancia para comer com eles. Me falaram que plantavam milho, tiveram que abandonar as terras. Era pai, mãe e dois filhos de campezinnos, tinham parentes desaparecidos, a vida não estava fácil, brinquei com as crianças, coisa que não é muito natural em mim e terminei de descer a ladeira lembrando da mulher que vi em Lima: Eram dez da noite e uma mulher com cinco filhos, com poucas roupas para tanto frio e com certeza muita fome, cantava com a voz que eu jamais havia visto e nunca mais ouvi nada parecido. Ela cantava um lamento que virou meu texto no espetáculo Yaba, tentei cantar como ela nunca consegui: DE-ME PER FAVOR AYUDA PARA LECHE DE MI BEBITO YO NO TENGO NADA, DE-ME POR FAVOR...
Chorei naquela noite, chorei naquele dia.
Não digitalizei as fotos desse dia até hoje...
Acho uma delícia compartilhar da sua viagem!Uma história com tantos acontecimentos fora do comum é bem melhor que uma estória!
ResponderExcluirBrigadão pelo elogio, e, quanto ao livro...Aquilo é só um ensaio pra ver se consigo escrever algo maior que contos!
Bjão querida, tenha um restinho de semana maravilhoso!
bonito relato, triste e intenso... Uma daquelas experiencias que marca e nos acompanha para sempre.
ResponderExcluirJOPZ
Mulher! Vc faz agente viajar junto... Maravilhoso! Bjsss
ResponderExcluirContinuo viajando, vendo na mente cada detalhe que você conta da sua viagem, Dea!
ResponderExcluirMas quero aproveitar e lhe desejar um maravilhoso natal, e um ano novo cheio de paz, saúde, amor, felicidade, alegria, sucesso e realizações.
Beijos!
Passei muito rapidamente, e em pc alheio pra dar um abração de natal!Tudo de bom pra vc companheira!
ResponderExcluirAbração imenso pra vc!