O Edipus Rex
Stravinski nasceu em Oranienbaum (renomeada como Lomonosov em 1948), na Rússia, e cresceu em São Petersburgo. A sua infância, como ele recorda na sua autobiografia, foi problemática: "Nunca conheci ninguém que tivesse verdadeira afeição por mim”.O seu pai, Fyodor Stravinski, foi baixo no Teatro Mariinski em São Petersburgo, o que deve ter influenciado a escolha de Stravinski pela música que ainda criança começou a ter lições de piano,teoria musical e então começaram as suas tentativas de composição.
Seu antigo idioma russo lhe parecia de mau gosto, talvez porque ele estava exilado da Rússia bolchevista e tentando se estabelecer como líder do movimento internacional avant-garde. Como outros neoclassicistas, Stravinsky reagiu contra o nacionalismo e o romântico reafirmando a primazia da forma musical.
Apesar de construir a música em formas e idéias clássicas, a música de Stravinsky é inconfundivelmente pessoal. O compositor utiliza técnicas modernas como a dissonância e a variação rítmica, além de uma orquestração engenhosa que é sua marca registrada. A carreira de compositor de Stravinski foi notável pela sua diversidade estilística.
Sobre Édipo
A tragédia nasce para conter os instintos humanos da antiga sociedade grega, servindo de exemplo e catarse para seu publico, como um guia para quem não respeitasse as regras. Édipo é um mito no qual a leitura feita é a de que o homem não pode mudar o seu destino e isso acontece num ciclo que somente se fechará na medida em que uma série de encaixes de metades vão se ajustado umas às outras. É preciso juntar os fragmentos de saberes que se perderam ao longo do tempo e vão se encaixando pouco a pouco até formarem um total que será a verdade reconstruída.
Mas é possível fazer várias leituras diferentes porque toda a tragédia só acontece porque ele a buscou. Caso não tivesse ido a fundo em toda história não descobria os infortúnios e continuaria vivendo sua tranquila vida de rei. E tudo isso só incomoda porque esta sociedade estabeleceu estes parâmetros de conduta.Existem em algumas sociedades remotas parâmetros totalmente diferentes de condutas na qual a tragédia de Édipo nada significaria.
Oedipus Rex
A versão da qual falarei será a produção dirigida por Julie Taymor realizada no Festival Saito Kinen Matsumoto, no Japão em 1992 e filmado por Taymor para a televisão.Tendo como destaques: Philip Langridge , Jessye Norman , Min Tanaka , e Bryn Terfel.
Oedipo Rex tem toda a pompa, formalidade ritualística das grandes óperas, desde o primeiro momento arrebata com as vozes virtuosas de seus cantores, o cenário espetacular, a maquiagem compõe junto ao figurino um agigantamento de todos os artistas em cena. O coro me remeteu aos soldados de terracota da China. Outro ponto forte é a narradora que nos leva a cada evento com uma força incrível.
No primeiro momento se percebe logo que a personalidade de cada personagem está bem definida tanto com a voz quanto a composição dos figurinos no qual se destacam as grandes mãos gigantes que contam a história de cada personagem. Édipo com suas mãos abertas e dedos esticados suficientes para tapar a verdade diante dos olhos; Tirésias que tudo sabe com grandes olhos incrustrados nas mãos, Jocasta e suas mãos em concha como que a proteger, suavizar a verdade e seu irmão com mão que apontam que acusam.
Os recursos usados são altamente luxuosos e impactantes e são usadas uma variada gama de linguagens estão presentes elementos do teatro, dança, musica, artes plásticas, cinema. A luz equilibra e dá o tom do espetáculo, os elementos de cena encantam cada vez que surgem manipulados com muita suavidade, por mais simples que sejam como, por exemplo, os tecidos vermelhos que fazem a encruzilhada na qual se dá o crime.
Estranhamente como é de se esperar nas tragédias, ao fim, vendo a cena de Édipo indo ao exilio, debaixo da chuva, senti uma tranquilidade, o espetáculo termina assim suave e belo em contraponto ao inicio forte e agressivo.
Creio que a Ópera seja uma das formas mais completas de arte, onde praticamente estão presentes diversas linguagens em uma assim como o seu irmão teatro, sua irmã dança e sua irmã visual, está caminhando par ser um dia, denominados simplesmente e magnificamente: arte.
Vampira Dea
Um post sensacional e educativo.
ResponderExcluirConheço pouca coisa de Stravinski, e ainda não sabia desta versão da peça de Sófocles.
Édipo Rei, conheci em duas montagens, há muitos anos, uma que buscava preservar a essência do texto original, maravilhosa, e uma adaptação "modernizada", que não achei que tenha ficado assim tão boa.
O trecho que você postou aqui é magnífico, e só me deu a vontade de procurar a montagem completa.
Beijo!
Pois é só colocar o titulo no youtube, esta dividido em parte, mas dá pra ver tranquilo
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