Foto 9 anos depois, no meu terceiro encontro com o grupo Yuyachkani
Eu tinha voltado há pouco da Dinamarca, país aonde tudo é tão perfeito que enjoa e eu enjoei mesmo. Quando Cheguei em Lima a primeira impressão não foi boa porque estava um oposto absurdo: um céu cinza de nuvens do tempo e de poluição, um cheiro forte de peixe, transito caótico. Pegamos o bendito transporte que nos cobrou 20 vezes mais caro e chegamos em Madalena Del Mar, na casa da amiga de Hirton. Ela nos recebeu meio desconfiada e dias depois nos confessou que morreu de medo quando viu aquele bando de homens e aquelas duas mulheres, todos tão altivos, fortes e orgulhosos chegando, ela que não recordo o nome, nos achou muito estranhos, o que logo se transformou numa grande empatia. Já tínhamos o contato de um historiador que iria nos dar alguns dados,dicas e nos encontrou no primeiro dia mesmo para conversar.
Ficamos sabendo através dele sobre o grupo Yuyachkani de teatro e toda sua história artística e politica, também marcamos uma visita com ele no museu de história natural. Nesse meio tempo fomos ao consulado, coisa que fazemos sempre que chegamos a algum país. Nos receberam bem ,aproveitamos pra pedir um apoio para a pesquisa e eles nos conseguiram as entradas para Machu Pichu, museus, e as passagens de ida e volta no trem que é exclusivo para os peruanos a caminho de Aguas Calientes.
Seguimos então desbravando timidamente o bairro, vendo as cores, as pessoas. Tudo muito pitoresco, cachorros passavam vestidos nas ruas com camisas da seleção brasileira 10 Ronaldo, era copa do mundo e os peruanos torciam fervorosamente pelo Brasil, alguém reconhecia que eramos brasileiros e logo puxavam conversa sobre a seleção. Fomos a um centro comercial que tinha vários barzinhos e comemos papas rellenas por 5 solis. Uma velhinha tão simpática nos servia, um grupo de músicos veio cantar e tocar a mesa, demos alguns solis a eles o que se converteu em arrependimento depois, porque bastava ver a gente chegar e lá vinham eles com o mesmo repertório, depois de sete dias eu não aguentava mais e a velhinha simpática nos vendeu os bolinhos 10 vezes o preço que vendia pros outros. Isso tudo no primeiro dia.
Quando voltamos resolvemos ver o que tínhamos trazido e todos traziam sopa e barrinhas de cerais assim como eu, despejamos fazendo uma montanha,com exceção de Manú que teve a ousadia de trazer uma linguiça e um pedaço de carne de sertão, rimos muito do que pensávamos ser naquele momento uma tabaroince, parecia acampamento na praia, mas que mais a frente seria a nossa salvação. Saímos para comprar feijão e improvisar uma feijoada. Meu Deus quantos tipos de batatas, dois mil! Quantos tipos de milho,55! Quantos tipos de feijão! Dormimos nesse dia, cheios de planos, cada um com um foco, uns em busca de história, outros de arte, outros a aventura e o meu era experimentar pela primeira vez a liberdade. Todos conseguiram alcançar o que buscavam.
Seguimos então desbravando timidamente o bairro, vendo as cores, as pessoas. Tudo muito pitoresco, cachorros passavam vestidos nas ruas com camisas da seleção brasileira 10 Ronaldo, era copa do mundo e os peruanos torciam fervorosamente pelo Brasil, alguém reconhecia que eramos brasileiros e logo puxavam conversa sobre a seleção. Fomos a um centro comercial que tinha vários barzinhos e comemos papas rellenas por 5 solis. Uma velhinha tão simpática nos servia, um grupo de músicos veio cantar e tocar a mesa, demos alguns solis a eles o que se converteu em arrependimento depois, porque bastava ver a gente chegar e lá vinham eles com o mesmo repertório, depois de sete dias eu não aguentava mais e a velhinha simpática nos vendeu os bolinhos 10 vezes o preço que vendia pros outros. Isso tudo no primeiro dia.
Quando voltamos resolvemos ver o que tínhamos trazido e todos traziam sopa e barrinhas de cerais assim como eu, despejamos fazendo uma montanha,com exceção de Manú que teve a ousadia de trazer uma linguiça e um pedaço de carne de sertão, rimos muito do que pensávamos ser naquele momento uma tabaroince, parecia acampamento na praia, mas que mais a frente seria a nossa salvação. Saímos para comprar feijão e improvisar uma feijoada. Meu Deus quantos tipos de batatas, dois mil! Quantos tipos de milho,55! Quantos tipos de feijão! Dormimos nesse dia, cheios de planos, cada um com um foco, uns em busca de história, outros de arte, outros a aventura e o meu era experimentar pela primeira vez a liberdade. Todos conseguiram alcançar o que buscavam.
No outro dia fomos visitar o grupo Yuyaskchani em sua linda casa vermelha. A maioria estava em turnê mas os que estavam nos receberam bem, mostraram suas máscaras, o teatro, alguns videos, contaram sua história e luta e nos convidaram para ver alguns espetáculos.
Nesse mesmo dia fomos ao centro e vimos que alguma coisa pairava no ar, meu sexto sentido me dizia que as coisas não iam bem... sentamos nas escadarias na Praça das Armas e de repente vi o que só conhecia da tv , policiais com seus escudos e armas, manifestantes com suas pedras e coquetel molotov. Continuei sentada assistindo como a um filme, ou uma representação de camarote. Pensava que aquilo não me pertencia, tamanho o meu distanciamento que sentia, aquele problema não era meu e estava com aquela sensação de sem noção de perigo que alcançamos quando viajamos.
O país estava recém saído de uma ditadura sangrenta de dez anos o fugimorismo e ainda tinha o Sendero Luminoso que a principio lutavam por uma boa causa o que se transformou depois basicamente em luta pelo narcotráfico.O povo sofria com a inflação, e o desaparecimento de 13 mil pessoas.O país estava sofrido, rebaixado, crianças aos montes mendigavam sujas e pediam para comprar suas balas, numa ladainha sem fim: "Compre Senhorita, compre" Ainda tinham medo, se percebia o medo no rosto das pessoas.
Mas aconteceriam coisas lindas e o povo, o país estava cheio dessas maravilhas para descortinar aos nossos olhos
A noite assistimos Antigona
A noite assistimos Antigona
Continua...
Viajei junto contigo no seu texto!A forma vívida com que descreveu os cenários e situações tiveram um poder de comoção interessante nestes minutos em que passeei pelo seu blog!
ResponderExcluirPegamos carona em tuas palavras, nas cores das fotografias... Dizia a um amigo agora a pouco que ainda hei de me mudar pra uma ilha deserta, deitar-me-ei de frente ao mar e, passarei a escrever livros de viagens, mas o teu com certeza será meu guia...
ResponderExcluirViajei juntoo.. amei como foi descrevido
ResponderExcluirkurti a segunda parte... cade a terceira?
ResponderExcluirquem tera plantado aquele milho negro? darth vader?
;-)
JOPZ
Meninos e meninas ainda tem muito por vir
ResponderExcluirOi Dea,vim te visitar e deixo meu beijo.
ResponderExcluirAdorei o novo blog!
caramba, Dea! Vc está melhor que eu nas viagens!! Que delicia! Eu que adoro lugares, nao podia deixar de gamar nesse post!
ResponderExcluirVc sabe que ao te ver nessa foto, nao pude acreditar, pois sempre acho que vc é a garota com a boca de vampiro na imagem do perfil, haha que doida!!
O que aconteceu com o velho blog? Por que vc teve que o excluir?
Bem, o blog está nota 1000, se ha males que vem para bem, espero que seja o seu caso, ou melhor, o caso do blog...
Beijokas!!!
Estou gostando muito da narrativa, consigo me imaginar em cada uma das passagens do seu texto.
ResponderExcluirA exploração aos turistas é uma coisa lamentável, mas parece ser uma constante no mundo.
Aguardo ansioso a continuação.
Beijos!