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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

ESTE SOU EU

A mocinha conseguiu um bico no aeroporto: ficar o dia todo em pé com uma placa na mão recepcionando pessoas que chegavam para um evento. Muitas pessoas trabalham assim. Bonita farda, placa na mão, onde estava escrito Sr. Carlos Montovani, um dos palestrantes mais importantes.
Ela tinha outras informações adicionais: número do vôo, procedência, horário. Organizada dessa maneira, se pôs a postos, alta nos saltos, sorriso aberto e a placa em riste.
Os dedos dos pés lhe doíam quando já esvaziado o saguão aparece um senhor simpático de cabelos brancos e uma enorme mala quase estourando de tão cheia apontando para a placa e dizendo:
— Este sou eu.
A menina retribuiu o sorriso.
— Seja bem vindo, Senhor Carlos Montovani. A van nos aguarda.
Ela tinha visto em algum lugar que as pessoas adoram ouvir o seu próprio nome e resolveu que iria repetir pra causar boa impressão sempre que tivesse chance.
— Obrigada mocinha.
— Senhor Carlos Montovani, irei buscar um carrinho para colocar a bagagem.
— Tudo bem então.
E nisso o zíper da mala se rompe derrubando todo o conteúdo pelo chão, roupas, CDs e muitos papéis.
— Ah meu Deus! O material da minha palestra! Ande, me ajude aqui, rápido!
— Sim, Senhor Carlos Montovani.
A recepcionista ficou atrapalhada com tantos objetos espalhados e com a pressa que lhe era imposta quase aos gritos. Mesmo assim, tentava fazer o melhor. Aquele senhor demonstrava muita arrogância.
Finalmente ela conseguiu juntar tudo, fechou a mala. Ele se recompôs, ela também, quando mais que de repente passa outra recepcionista, provavelmente de outro evento, com uma placa na qual se lia o nome Senhor Francisco Almeida.
O senhor Carlos Montovani sorri arrastando a mala e apontando para placa afirma com muita convicção:
– Este sou eu.
– E se foi.
A mocinha estava tão cansada e incrédula do que acabava de passar que arriou o corpo numa cadeira, deixando a placa no chão e começou a chorar de raiva. É quando um rapaz lindo lhe toca o ombro, ela muito irritada e sem olhar, sacode o ombro e responde pra dentro:
— Que é?
— Oi, bom dia – ele diz com voz gentil, quase sedutora.
— Que é? – responde a moça, quase gritando.
— Tudo bem?
Ele insiste no tom aveludado e ela grita com toda sua força e irritação, sem se preocupar com os modos.
— Droga, me deixe em paz!
— É que este – diz o lindo, apontando para a placa – este sou eu.
Vampira Dea

4 comentários:

  1. Olá amiga, vim bisbilhotar seu conto, gostei, tem um jeitinho de, quando não se espera é que acontece.
    Coisas da vida.
    Abraço

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  2. Valeu tanto trabalho. No fim teve a recompensa!!
    Beij.
    Katy

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  3. SEMPRE BOM PASSAR POR AQUI E TE LER.
    BJ.

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  4. E aí sumida!Bom ter você de volta, e, obrigado pelo feedback!Aquele projeto deu pra trás, mas outro já tá saindo, e já me mandaram a capa, e o miolo, pra conferir se eu queria fazer alguma modificação gramatical, ou coisa do gênero!É uma coletânea de sci-fi, e eu tô participando com um conto (O profeta de aço), mas tô guardando aquele texto pra, talvez tentar a sorte em alguma editora!
    Gostei do conto!Acho que vc escreve de uma maneira simples, quotidiana, mas sempre passa mensagens, ou pontos de vista interessantíssimos!São textos leves, e gostosos de se ler!Abração minha amiga!Uma maravilhosa semana pra vc!=)

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