FESTIVAL LATINO AMERICANO DE TEATRO DA BAHIA
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sexta-feira, 29 de agosto de 2014
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
ESCOLA ITINERANTE DE TEATRO E PERFORMANCE
De 10 a 22 de março no Centro Cultural Plataforma e de 24 de março a 4 de abril no Cine Teatro Solar Boa Vista, o Grupo Oco Teatro Laboratório irá realizar a 5ª Edição da Escola Itinerante de Teatro e Performance -EITP, onde serão oferecidas às comunidades dos bairros de Plataforma e Engenho Velho de Brotas 4 oficinas gratuitas de teatro que resultarão em uma intervenção que ocupará as ruas, casas, espaços alternativos e os respectivos teatros de cada comunidade. Além de 1 conferência sobre teatro e performance, bate-papo sobre as oficinas e lançamento da 2ª edição da revista Boca de Cena.
Mais informações aqui
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
NÃO AO CONTINGENCIAMENTO DE PROJETOS ARTÍSTICOS NA BAHIA
Tendo em vista o recente contingenciamento (bloqueio) de verbas para cultura, e seguindo os encaminhamentos da ultima reunião acontecida no dia 18/09 no Xisto, está prevista para Sábado (dia 21) às 18:00, uma manifestação artística em frente ao TCA. Esta lista é uma maneira de estarmos mobilizados para fazer deste ATO uma grande manifestação em repudio ao ESTADO e para mostrarmos a força da classe artística ante aos últimos acontecimentos. Esperamos contar com a presença física de cada um de vcs e suas respectivas criatividades em favor de algo maior e coletivo. Lembrem-se cada um de vcs é um multiplicador(a)
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
CURTISSIMA TEMPORADA DE A CONFERENCIA
CURTÍSSIMA TEMPORADA; A CONFERENCIA COM O OCO TEATRO LABORATÓRIO
Onde: Teatro Vila Velha (Sala Principal) – Av. Sete de Setembro, s/n – Passeio Público – Campo Grande – Salvador – Bahia – Brasil – telefone (71) 3083-4600
Quando: 13, 14 e 15 de setembro
Hora: às 20 h (sexta e sábado) e às 19 h (domingo)
Quanto: R$ 20
Onde: Teatro Vila Velha (Sala Principal) – Av. Sete de Setembro, s/n – Passeio Público – Campo Grande – Salvador – Bahia – Brasil – telefone (71) 3083-4600
Quando: 13, 14 e 15 de setembro
Hora: às 20 h (sexta e sábado) e às 19 h (domingo)
Quanto: R$ 20
terça-feira, 20 de agosto de 2013
ESQUENTANDO AS TURBINAS PARA O FILTE 2013
De 30 de agosto a 08 de setembro acontece a sexta ediçao do FILTE; FESTIVAL LATINO AMERICANO DE TEATRO DA BAHIA. Espetáculos, oficina, colóquio 150 anos de Stanislávsk, mostra baiana e muito mais, não percam!
sábado, 15 de junho de 2013
domingo, 3 de março de 2013
ESPETÁCULO: A CONFERÊNCIA /COM O GRUPO OCO TEATRO LABORATÓRIO
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
HISTORIAS INVISÍVEIS DO OCO TEATRO LABORATÓRIO
Quero compartilhar com vocês um pouco do meu trabalho, passe no menu e veja as duas etapas: comunidades e Escola Itinerante de Teatro
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
CONTAGEM REGRESSIVA PARA O 5 FESTIVAL LATINO AMERICANO DE TEATRO DA BAHIA
De 01 a 09 de setembro Salvador sediará mais uma vez o Festival Latino Americano de Teatro da Bahia, trazendo 27 espetáculos nacionais e internacionais em 60 apresentações, esperamos vocês!
Inscrições e informações:
http://filtebahia.blogspot.com.br/
www.filte.com.br
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
QUARTO FESTIVAL LATINO AMERICANO DE TEATRO DA BAHIA/ FILTE

segunda-feira, 4 de julho de 2011
NOVO ESPETÁCULO DO NÚCLEO TCA
O principal edital de teatro na Bahia o TCA Núcleo, anunciou o vencedor de sua edição 2011. "Outra Tempestade", que terá a direção de Luiz Alberto Alonso com a produtora Carranca Produções que concorreu com mais cinco proponentes O ganhador foi o ator e diretor cubano Luiz Alberto Alonso, radicado em Salvador há oito anos. Fundador do Oco Teatro Laboratório, onde dirigiu "Branca" (2007), versão de O Santo Inquérito de Dias Gomes, e “Os Sonhos de Segismundo (2008),Luis Alberto Alonso apresentou espetáculos na Alemanha, Dinamarca, Itália, Grécia, Eslovênia, Polônia, Equador e Áustria. É diplomado pela Escola Nacional de Arte (ENA) de Havana, Cuba. Integrou o Instituto Superior de Arte (ISA) de Havana durante três anos e formou parte da Primeira Companhia de Teatro de Cuba “Teatro Buendía”. Integra o grupo Internacional “Ponte dos Ventos”, sediado em Dinamarca, dirigido pela atriz fundadora do Odin Teatret, Iben Nagel Rasmussen.
Se bem conheço o diretor podemos esperar um trabalho maravilhoso, realizado com muita seriedade e poesia. Em breve o Núcleo abrirá inscrições para audições.
Entrevista com o diretor Luis Alberto Alonso, aqui
Entrevista com o diretor Luis Alberto Alonso, aqui
segunda-feira, 23 de maio de 2011
PESQUISA = TEATRO DE NOVIDADE?
Oco Teatro Laboratório.
Está surgindo uma nova tendência teatral em Salvador, dedicada ou direcionada precisamente ao trabalho de grupo. Olhar para este fenômeno e direcionar esse olhar com curiosidade e delicadeza é no mínimo um gesto de humildade que os criadores mais conservadores -uso esta terminologia para poder focalizar esses realizadores, mas sem nenhuma pretensão de uso pejorativo- deveriam se deter a contemplar, pois nesses impulsos mais contemporâneos podem existir caminhos a serem trilhados para um rejuvenescimento do teatro que vivenciamos ainda hoje na capital soteropolitana.
Por outra parte, nós, grupos de pesquisa devemos ter um pouco de perspicácia de não querer transformar em novidade aquilo que de novo não tem nada. Quando decidimos encaminhar uma pesquisa devemos pensar o quê de novo podemos alcançar que não resulte reiterativo, assim como viajar por esse universo do pesquisador sobretudo com ética e um mínimo de experiência que não nos faça esbarrar no pecado de nos apropriar de terminologias ou elementos já criados pretendendo divulgar como nossos.
Eugênio Barba para designar o que é pré-expressividade levou muitos anos em trabalho coletivo não somente com o Odin Teatret, mas também com os encontros organizados para tal finalidade nas chamadas ISTAs (International School of Theater Anthropology), Bob Wilson já existe no nosso meio faz muitos anos, Tadeusz Kantor quebrou como nenhum outro a visão da cena como um todo, dando um novo valor ao conceito de texto e arquitetônica teatral. Os movimentos de contra-cultura surgiram em Europa nos anos 60, em São Paulo nos anos 70 e assim por diante temos várias dúzias de exemplos a serem tratados, cada um na sua individualidade. Não quero dizer com isto que as ações de investigação teatral voltadas para esta área estejam esgotadas, o que pretendo esclarecer é que é necessário descobrir novos espaços de pesquisa para não ficar ancorados em discursos já trilhados e para tanto isso merece muitos anos na ação, quase em claustro, de beber das fontes já existentes. Muita paciência e não nos deixar levar pela presa da sociedade contemporânea que nos faz cometer o erro de querer mostrar que existimos e na maioria dos casos tudo fica a medias, sem uma pesquisa sólida e de anos de trabalho, aí vem o descrédito que muitos criadores tem com o teatro de pesquisa. Por outro lado penso que eu somente posso estar decidido a passar um conhecimento quando eu tenho total certeza de que esse conhecimento está sentado sobre bases de pesquisas sólidas, não sobre apropriações instantâneas (faço uso de instantâneas fazendo um recorte de tempo, quero dizer curto tempo, colocando esse vivenciar instantâneo como algo que merece muitos anos de pesquisa). Não pretendamos ser inovadores com tudo aquilo que já está inovado, vamos inovar mesmo!.
Entendo também que cada processo histórico pertence àquela comunidade em transformação e por esta razão o movimento de teatro de pesquisa na Bahia não deve achar que está defasado ou fora do eixo. Sempre existirá um movimento de renovação não somente nas artes, mas em qualquer área de conhecimento e produção do ser humano, mas na atualidade através dos meios de comunicação e o desenvolvimento da informática, focalizando a internet como o seu melhor expoente, percebemos que a humanidade não se limita a espaços delimitados geográficamente, mas que é uma junção de todas essas comunidades como um todo. Então, como grande paradoxo à minha questão anterior me apresenta uma nova pergunta: estamos realmente defasados no que se refere a bases de estudo nos grupos de pesquisa?
Por outro lado, retomando a questão ética na hora da pesquisa, para citar um exemplo de apropriação desvirtuada de um treinamento que levou anos para se concretizar como um exercício importante dentro do trabalho do ator, vou me referir à Dança dos Ventos, dança ritmada de passo ternário que foi criada e desenvolvida no grupo internacional Ponte dos Ventos (é daí que surge o nome de Dança dos Ventos), dirigido por Iben Nagel Rasmussen, atriz do Odin Teatret, grupo que integram entre outros atores e pesquisadores internacionais, criadores brasileiros como Carlos Simioni (Lume Teatro-SP), Rafael Magalhães (Oco Teatro-BA) e Tatiana Cardoso (Universidade de Rio Grande do Sul) e do qual faço parte como membro permanente desde o ano 2005. Este treinamento tem sido pulverizado por várias partes do mundo, entre eles, pelos próprios criadores brasileiros que viajamos e ministramos cursos em várias universidades e grupos de pesquisa. O jeitinho, que não é somente brasileiro, faz com que as pessoas em cinco dias de curso se apropriem da dança, nada contra isso, mas uma vez se apropriando não dão uma continuidade com seriedade e no pior dos casos transformam a dança em algo aparentemente de novidade para depois pulverizar em novos encontros para outros grupos, dando o mesmo nome da dança que eles aprenderam nos seus inícios. Tenho sido fiel defensor desta política ética de cuidar daquilo que tem uma origem ainda viva, pois é nessa origem onde está o cerne e a força desse treinamento.
O que é gerado no trabalho do ator a partir da ação física e o que isto gera na andaime teatral como um todo começou entre outros com Meyerhold (1874-1940) e Craig (1872-1966), e até hoje está sendo absorvido de uma maneira muito orgânica até pelo mesmo teatro que chamamos de convencional, este último talvez na procura de um teatro realista mais contemporâneo, me atreveria a dizer que o trabalho do ator a partir das ações físicas está entrando no terreno que podemos denominar de Fisiologia do Teatro. Então, o quê de novidade há nisto? Sou fiel observador destes princípios que chamamos renovadores, para tentar evitar aparentes descobrimentos na arte teatral em Salvador.
Quero lançar assim um abraço a todos os grupos de pesquisa de Salvador, sobretudo àqueles que partem da mesma escola canônica que nos cerca. Eles são um grande movimento para desnortear a visão daqueles que aprisionam a arte em sistemas quadrados pré-estabelecidos, sem chance para novas estruturas. Ainda que em movimentos muito jovens e incipientes são pequenas faíscas que aos poucos provocarão o incêndio que nos levará a Queimar a Casa[1].
[1] Referência ao nome da última produção teórica de Eugênio Barba.
sexta-feira, 8 de abril de 2011
LANÇAMENTO DA REVISTA BOCA DE CENA

O mercado editorial baiano contará com uma novidade a partir deste mês: a revista Boca de Cena – Revista de Artes Cênicas da Bahia. Organizada pelos diretores teatrais Luis Alberto Alonso e Paulo Atto, a publicação conta com mais de dez colaboradores, nacionais e internacionais, e aborda temas relacionados à crítica do universo teatral. O coquetel de lançamento será realizadono próximo dia 12 de abril, a partir das 19 horas, no Teatro Eva Herz, localizado na Livraria Cultura, no Salvador Shopping. A primeira edição da revista tem 168 páginas.
Boca de Cena é uma publicação associada ao Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia (Filte Bahia) e direcionada a pesquisadores, estudantes, docentes, grupos e profissionais do teatro. O objetivo é estimular o pensar crítico a partir dos aspectos teóricos, dos diferentes espaços e vertentes de investigação e pesquisa na área. “Pretendemos incentivar a cobrir um vazio que existe na área de crítica teatral. Motivar o exercício da crítica é uma das características dessa nossa publicação. Também oferecemos um produto de caráter historiográfico, que pretende manter viva a memória de diversos processos de criação teatral”, avalia Luis Alberto Alonso.
Alonso conta que a revista surgiu a partir dos resultados da trajetória do Filte, que teve sua terceira e bem sucedida edição em 2010, como um recurso sobre as obras cênicas e sua encenação. Ele acredita que Boca de Cena transitará por dois caminhos convergentes. “Um deles envolve o diálogo, a discussão e o debate. O outro é o caminho do registro dos processos de trabalho e pesquisa teatral”, avalia.
Com o lançamento do primeiro número da revista, o Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia pretende dar continuidade ao desenvolvimento de novas formas de pensar e discutir o teatro além das fronteiras da representação, fomentando um diálogo necessário entre criadores, pensadores e pesquisadores das artes cênicas. Para isso, boa parte da segunda edição da publicação será dedicada ao teatro baiano, com a participação efetiva de colaboradores locais.
Pesquisadores nacionais e internacionais
Para compor a primeira edição da Boca de Cena, os organizadores convidaram pesquisadores nacionais e internacionais. Em destaque os trabalhos do diretor e fundador do Odin Teatret, o italiano Eugenio Barba; da baiana Cleise Mendes, membro da Academia de Letras da Bahia e do Conselho de Cultura do Estado da Bahia; da professora, crítica, promotora e pesquisadora teatral americana Beatriz Rizk, do diretor teatral baiano, dramaturgo, jornalista e doutor em Artes Cênicas, Luiz Marfuz; além de Ângela Reis, que apresenta um ensaio sobre o livro Cassandra, de Christa Wolf, e da atriz e pesquisadora do Lume Teatro (SP), Ana Cristina Colla.
A revista está estruturada em quatro blocos: Critica Teatral, Trabalho de Grupo, Intervenções e Dramaturgia. No primeiro, intitulado Crítica Teatral, o leitor é levado a pensar a crítica em função da prática, dos resultados artísticos. Os artigos selecionados são resultados dos encontros do Círculo Internacional Itinerante de Crítica Teatral, que ocorreu em 2008, em Buenos Aires, como proposta da editora Tablas-Alarcos (Cuba). A ideia foi somada a outras intervenções sobre crítica teatral que ocorreram nos últimos três anos do Festival Ibero-Americano de Teatro de Cádiz.
A revista também disponibiliza aos leitores no bloco Trabalho de grupo um vasto material documental sobre grupos de artes cênicas. O enfoque nesta primeira edição recai sobre os 40 anos do grupo Yuyachkani, homenageado durante o III Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia, em 2010. Entre os destaques, está o artigo Seguir a si mesmo. Carta a Yuyachkani pelos 40 anos, de Eugenio Barba.
O bloco Interações traz reflexões de pesquisadores como Luiz Marfuz, Jacyan Castilho, Angela Reis e Matias Maldonado. Já no último bloco, Dramaturgia, a criação da literatura dramática é apresentada em duas obras – uma delas já encenada no próprio Filte, Flores arrancadas à névoa,do diretor, pesquisador, ator e dramaturgo argentino-equatoriano Aristides Vargas, numa montagem de Albanta Teatro de Cádiz (Espanha). A outra, um processo de criação denominado “texto em processo”, reflete sobre O Farol de Alexandria, do dramaturgo, pesquisador e diretor teatral baiano Paulo Atto.
Boca de Cena, que terá periodicidade semestral e tiragem inicial de 500 exemplares, é uma produção independente com realização do Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia, Oco Teatro Laboratório, Carranca Produções Artísticas e Aude Produções Artísticas.
A revista poderá ser adquirida na Livraria Cultura do Salvador Shopping, após o lançamento, a um preço de capa de R$ 5,00.
sexta-feira, 18 de março de 2011
ENTREVISTA COM O DIRETOR TEATRAL LUIS ALBERTO ALONSO, UM CRIADOR DE SONHOS
Foto: arquivo pessoal
No mês do teatro aqui no Dea e o Mundo uma entrevista com Luis Alberto Alonso, diretor do grupo Oco Teatro Laboratório.
Diplomado pela Escola Nacional de Arte (ENA) de Havana, Cuba. Integrou o Instituto Superior de Arte (ISA) de Havana durante três anos, formou parte da primeira companhia de arte de Teatro de Cuba "Teatro Buendia". Apresentou espetáculos como ator na Alemanha, Dinamarca, Itália, Grécia, Eslovênia, Polônia, Equador e Áustria. Integra o grupo Internacional “Ponte dos Ventos”, sediado na Dinamarca, dirigido pela atriz fundadora do Odin Teatret, Iben Nagel Rasmussen.
Criador e Diretor do grupo Oco Teatro Laboratório, grupo ainda jovem no cenário baiano que vem se destacando, inclusive tendo um de seus espetáculos recebido duas indicações ao prêmio BRASKEM . Sendo também o criador e diretor do Festival Latino Americano de Teatro da Bahia. Recentemente o grupo concluiu o projeto O Caminho das Pedras ( oficina de teatro gratuitas no Município de Lauro de Freitas).Com a Revista Boca de Cena protinha pra ser lançada ainda na primeira quinzena de abril, ele nos revela um pouco da sua forma de pensar e viver o teatro.
1) O que motivou a seguir a carreira artística e de onde vem as suas inquietações?
Parece a velha história que todos fazemos da nossa vida, mas é certo, desde criança trabalhava em teatro com meus irmãos, fazendo imitação de um grupo espanhol que se chama Calatraba. Eles tinham um boneco hiper-realista que se movimentava por um sistema mecânico interno. Um maravilhoso dia o boneco quebra, eles jogam para um canto e olham para mim e falam: Olha! Aqui está o boneco! Então eu me converti em boneco. Eu fui um boneco, desde menino, já era um boneco e tinha que me movimentar como boneco, assim eles entravam comigo no palco nos braços e me sentavam nas pernas deles. Começava a tocar o duo Calatraba e tudo era uma grande diversão, mas muito sério, muito profissional, participávamos de festivais, encontros, trabalhávamos nos cabarés e ganhamos alguns prémios nacionais. Aí começou a minha paixão por aquele intercâmbio que era produzido entre a plateia e o palco. As pessoas me elogiavam e falavam que eu era um artista. Sei lá se era! Isso foi entrando na minha cabeça e de fato comecei a estudar teatro com 18 anos na Escola Nacional de Arte de Havana, Cuba. Depois fui para o Instituto Superior de Arte. Não parei até hoje e acho que não consigo parar. Abençoado boneco!
As minhas inquietações artísticas vêm do todo que vivo, de tudo aquilo que está entorno do meu viver e sentir como ser humano. Sou muito romântico, então a vida para mim tem que ter beleza, poesia. A minha inspiração é a beleza da vida, não gosto do scrach, do mau gosto no palco. Não tenho nada contra as peças de comedia mais popular, mas acho que nisso também tem que se investir em beleza. Daí, da beleza das coisas e dos sentimentos mais profundos do ser humano é que vem a minha inquietação. Ela está se voltando cada vez mais politica, pois a arte precisa dialogar mais com a sociedade.
2) Sendo diretor do Grupo Oco Teatro Laboratório como se dá o processo criativo do grupo? Vocês partem de um texto ou de uma ideia geral?
Não existe grupo se todos seus integrantes não trabalham num sistema colaborativo, sobretudo num grupo de pesquisa como o nosso. Isso de grupo de criação coletiva foi uma denominação do século passado. Todo grupo de teatro deve ser um grupo de criação coletiva, claro. Grupo é aquele onde o diretor não chega com as coisas prontas e os atores se movimentam segundo os interesses do diretor, até porque no nosso processo de trabalho tento sempre que a maior parte do material que conformará o tecido do espetáculo saia dos próprios atores e suas vivências, do seu conhecimento e intelecto que deve ser cultivado diariamente com muito estudo, dedicação e seriedade.
Dizer que não partimos de um texto é negar o verdadeiro significado dessa palavra. No seu sentido lato texto é algo que informa, que disse, é tecido, é ideia, é uma costura de informações que pode vir de uma consecução de imagens. Agora, se você se refere ao texto dramático, não. A gente não parte sempre do texto dramático. Muitas vezes é o último que aparece no nosso trabalho e inserido de forma a convergir com a partitura corporal previamente criada pelo ator.
Por outra parte, desde o ponto de vista dramatúrgico o texto é o último tecido que surge na criação, a combinação de todas as peças no palco, de todas as ações da montagem, sempre que sejamos capazes de entender ações como as relações entre atores, entre cada ator consigo mesmo, entre os atores e o texto dramático, o ator com a luz, o diálogo da luz com o cenário, o ator com os elementos, etc. Esse entendimento descobri com Eugénio Barba e a minha delicada percepção do palco.
3) Você entende o teatro como um trabalho ritualistico?
Olha, no caso de grupo, o ato de se reunir dia após dia já é um ato ritual, já é uma visita diária ao nosso sagrado oficio. Talvez não seja necessário, nos tempos atuais, essa sacralização, já que o teatro se retroalimenta não só do convívio com o subjetivo ou os estudos isolados do ator, ele também se constrói das partes da vida cotidiana, do saber do dia a dia, do conhecimento tácito. Mas no geral o teatro tem esse valor, sim, esse fazer e desfazer no ritual, no sagrado.
Há outras discussões que eu entravo na atualidade com este significado. Separamos muito as manifestações artísticas quando na verdade elas não estão separadas. Eu não estou falando de interdisciplinaridade estou me referindo a zonas de convergência entre aquelas artes que foram separadas, acho eu, para seu estudo. Eu não consigo achar diferença entre teatro e dança e música, etc. Eu posso criar um concerto com meus atores e não necessariamente estar inserido dentro de formas pré-estabelecidas do que é música. Posso criar uma tela no palco. O que me diferencia nessas denominações? São os instrumentos que uso, mas um artista plástico não pode dizer que a foto de cartaz de Os Sonhos de Segismundo não é uma tela de alto valor plástico e conceitual, assim como muitas outras imagens do espetáculo. No sagrado, no antigo ritual não havia diferença, nós colocamos nomes nisso.
Os Sonhos de Segismundo
Foto: Hercilia Lustosa
4) Existe algum grupo, ator ou atriz que você tenha como referência?
Estrangeiros ou nacionais? Rsrs!
Bom, a minha grande escola foi um importantíssimo grupo cubano de teatro, Teatro Buendia, de Cuba, meus passos me levaram a outro grupo que tem reformulado o teatro no mundo, o Odin Teatret, onde faço um trabalho anual com uma das suas atrizes fundadoras, através do grupo internacional Ponte dos Ventos. Admiro muito referências que não estão mais entre nós e que teve o prazer de poder ver pessoalmente e compartilhar, Kazuo Ohno, Pina Bausch. Sou delicado observador de Eugénio Barba. Na Bahia admiro muito o trabalho de Luiz Marfuz quando enveredado pela pesquisa e a procura de novas formas. E admiro todos aqueles que sejam capazes nesse mundo globalizado e rápido de tentar conformar um grupo teatral, um coletivo, o qual precisa de muita garra e desprendimento de energia, de pensar não somente em você como criador, mas também no outro como parceiro. Admiro diretores de oficio, não de cadeira: Vai você entender!
5) Você se considera um encenador?
Sou um artista no seu amplo sentido da palavra. Dizer encenador hoje é pensar naquela pessoa que só faz sentar numa cadeira e dirigir. Boto a mão na massa, costuro figurino, faço parte de forma ativa na construção dos cenários, das partituras do ator, da iluminação, faço trilha sonora, escrevo textos. Acho que esse nome cabe a todos os que conformam um grupo, todos são encenadores, porque trabalham em conjunto para construir algo para o palco, algo que será encenado, apresentado.
6) Você é o Diretor e criador do FIlTEBahia- Festival Latino Americano de Teatro da Bahia, na sua opinião qual a verdadeira importância dos festivais para a classe teatral e o publico?
A troca. Acho que esse é o verdadeiro sentido de um Festival. Trazer produções diferentes, de estilos diferentes ao que se faz na Bahia. Confrontar com uma outra forma de ver o universo teatral. Depois do Festival há grupos que estão realizando demonstrações de trabalho, isso é legal! E não quer dizer que eles talvez não tenham pensado antes, mas depois do Filte com a proposta das demonstrações de trabalho tem incentivado uma galera a dar seguimento a esta linha, isso é belo. Outros grupos baianos estão viajando porque o Filte abriu essas portas. Então, Festival só tem a ganhar no contexto teatral. Nos faz saber e sentir que o que fazemos não é o único que existe, que há outras formas de pensar o teatro.
7) O que tem a dizer sobre as leis de incentivo na Bahia? Elas funcionam?
Na Bahia só temos a Lei do Faz Cultura, que funciona para aqueles que podem e conseguem captar recursos, a Demanda Espontânea do Fundo de Cultura, e os editais da Fundação Cultural do Estado da Bahia-FUNCEB. Isso de editais penso que é um paliativo, um band-aid numa ferida que deve ser provisória. Deve ser criada uma Lei de Incentivo ao Teatro, no nosso caso é necessário. Não conseguimos ter uma manutenção constante. É a história sem fim. O Mito de Sísifo. Depois que chega ao cume com a pedra vê ela cair e rodar e de novo tem que descer e empurrar ela novamente até chegar ao topo da montanha e assim sucessivamente, parece que o Mito é, como parábola discursiva, o nosso castigo por sermos artistas e desafiar aos deuses. Piada? Não, realidade total!. Encontro todos os dias atores na rua, nos eventos, nas estreias e o primeiro que falam é: Quando vai dirigir algo para me convidar? Os atores estão precisando trabalhar, os diretores precisam de Leis mais consistentes que nos permitam dedicarmo-nos ao teatro sem grandes complicações. 80 % do meu dia e da minha vida eu dedico aos editais, às Leis de Incentivo. Isso é um crime com o universo do criador. Porque achar um produtor que se interesse pela criação de projetos sem saber se isso vai dar certo é muito difícil. Sou contra os editais se eles continuarem sendo a única via de manutenção dos grupos, além de que existem nomes do teatro que acho que não precisam ficar concorrendo em editais, a carreira artística deles está provada e isso merece um respeito.
8) Como avalia a formação de público na Bahia?
Olha, eu não formei parte do processo histórico teatral que a Bahia tem vivenciado durante os últimos 50 anos, nem sou herdeiro desta tradição, então é muito difícil avaliar assim, mas o que eu tenho vivido durante estes 8 anos é uma grande instabilidade. Agora a coisa está melhor, mas o que é estar melhor? Dizer que ganhamos um edital e só receber um ou dois anos depois? A gente não se planifica? Eu não posso avaliar público se não consigo criar um sistema sólido de produção artística, se essa produção está constantemente atrelada ao ir e vir de políticos e interesses de poucos. O público gosta de teatro e quem nunca foi quando vá fica encantado, fica alucinado, porque a nossa arte tem esse poder.
9) E quanto as escolas, acha que poderiam participar mais dessa formação? Como?
As escolas? Quais escolas? O ensino básico ou o ensino de artes. As escolas de arte já cumprem seu papel. As escolas de ensino fundamental se queixam constantemente dos problemas com a educação no país, como vamos a esperar que o teatro seja algo de valor para elas? Agora, uma vez a educação sendo estruturada de boa qualidade penso que teremos espaço para formar plateia desde bem cedo, desde pequenos. Criando vínculos entre educação e cultura. Há em Cuba uma experiência muito bacana que não sei se é mantida até hoje, as Casas de Cultura, elas trabalham em associação com as escolas. O aluno no turno que não tem aulas tem que escolher entre arte ou esporte. A parte de arte pertence às Casas de Cultura que tem instrutores e professores de todas as manifestações artísticas, é de uma riqueza inquestionável, porque esse ser humano está se formando como um ser social, íntegro, em sua totalidade.
10) Que conselho daria para quem quer seguir a carreira teatral?
Nunca perder os sonhos. Acreditar naquilo que impulsiona ele como criador e ter muita garra para seguir andando no caminho escolhido, este nosso caminho tão pedregoso mas fascinante.
Para saber mais: Oco Teatro Laboratório
segunda-feira, 14 de março de 2011
INTERVENÇÕES EM PRETO E BRANCO
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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
“O Caminho das Pedras na Formação do ator”
Finalizando a ultima etapa do projeto “O Caminhos das Pedras na Formação do Ator”, o grupo Oco Teatro Laboratório apresentará uma performance- resultado, reunindo mais de 150 participantes em uma apresentação que planeja movimentar a cidade de Lauro de Freitas começando com as apresentações por diversos pontos da cidade e finalizando no palco do Centro de Cultura (Praça Matriz).
“Caminho das Pedras na Formação do Ator” é um projeto do Oco Teatro Laboratório aprovado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia no Edital e Formação e Qualificação Artística. Consiste na preparação do ator através de cursos de formação que foram ministrados por integrantes do Grupo sob a direção de Luis Alberto Alonso.
O objetivo destes cursos é contribuir para o exercício da imaginação, da criatividade, da expressividade, da dramaticidade e da discussão, incentivando a formação profissional de artistas e a criação de grupos teatrais. Direcionado principalmente para atores e grupos teatrais locais, abrangendo comunidades de baixa renda e outros.
O resultado do curso partiu de um tema proposto pelos próprios participantes. Num momento em que denunciar as mazelas é uma obrigação que deve ser tomada por toda a sociedade, os alunos do curso de formação focaram o tema em combater problemas sociais como o uso de drogas, violência e falta de segurança.
A culminância desse processo de treinamentos, exercícios e aulas de técnicas teatrais ministrada pelo grupo Oco Teatro Laboratório será na sexta-feira, dia 4 de fevereiro, às 17:30 partindo de vários pontos da cidade e terminando numa grande apresentação no Centro de Cultura de Lauro de Freitas.
Oco Teatro Laboratório é um grupo de teatro conformado há cinco anos que reside no município de Lauro de Freitas. Já se apresentou em Festivais em diversos estados do Brasil e em outros países como: Peru, Equador, Espanha, Estados Unidos. Realiza o FILTE – Festival Latino Americano de Teatro da Bahia
Apresentação do resultado do curso “O Caminho das Pedras na Formação do Ator”, realizado pelo Oco Teatro Laboratório.
Sexta-feira, dia 04 de fevereiro de 2011.
Partindo de vários pontos da cidade, terminando no Centro de Cultura de Lauro de Freitas.
domingo, 9 de janeiro de 2011
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
ESQUECENDO O MEDO
Hoje estava lembrando de como o medo atrapalha a gente e como eu tenho a capacidade de esquecer o medo, tenho medo de altura, é um medo que me dá vontade de me jogar, mas quase sempre esqueço do quanto esse medo me paralisa e sempre estou no alto rsr, vulcões, montanhas, prédios altos, janela do avião, como boa morcega não deveria ter medo de altura já que sei voar.
Escrevi esse texto e postei no blog o ano passado, quando estava no Peru e resolvi ir e convenci meus amigos a subir no Cruzeiro na cidade de Lima. A principio eu não lembrava o quanto era pavorosa a subida ( a pior que já fui ) pois já tinha subido alguns anos antes e tinha ficado apavorada, passei um medo danado, mas quando vi o medo deles me diverti horrores. A gravação que aparece no final é de Tiago Martinez dono do Ogiva Goitacá, a gravação não tá muito legal porque foi feita com celular, mostra nossos bastidores e alguns passeios pela cidade, mas notem no áudio o desespero deles no começo e no fim que é justamente durante a subida e como eles me agradecem no final rsrsrs e olha que do vídeo nem dá pra ter idéia da situação real.
Despenhadeiro
Abro e fecho meus olhos muitas vezes,pisco sem parar como que para ter a certeza do que vejo, sinto os cheiros, o vento. Daqui de cima do Cruzeiro de S. Cristóvão o vento me chega diferente, é um mar de luzes, serpentes vivas de fogo que saem da terra. São luzes, pessoas. Não sei como tive coragem de subir aqui de novo,o nome do percurso dado por um amigo meu foi Jesus está chamando, porque o carro passa a centímetros de cair do despenhadeiro enquanto vemos casinhas coloridas que parecem feitas de caixas de fósforos e o guia ironicamente insiste em mostrar o cemitério que alguns fazem de conta não ter percebido. Mas quando se chega tudo vale a pena, vejo toda a cidade até o mar, seus engarrafamentos, luzes, prédios. Vejo um incêndio, o fogo lambe o céu, imagino o desespero e penso no meu próprio porque ainda tenho que descer, sendo que só subi porque esqueci como era a subida... Coisas me voltam a mente, frescas como foi quando estive aqui da primeira vez... E choro pois o tempo passa, tudo passa e também fico feliz que tudo passa. Da primeira vez subi de noite desci de dia, hoje subi de dia e desci â noite...
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